A Menina que Veio de Longe
Não posso deixar de começar a dizer que Dulcinéia, mais conhecida como
Dulce a personagem protagonista dessa obra, é uma guerreira. Uma menina a beira
de completar seus doze anos de idade, negra, com os seus pais mudando de lugar
e ela por sua vez tendo que recomeçar a cada nova moradia.
Já acostumada com o ambiente, com amizades feitas, escola boa onde
adorava estudar e ler seus livros, Belo Horizonte era mais uma das muitas
supostas casas. Mas, no entanto tiveram que mudar para a cidade gaúcha, a
grande Porto Alegre. Dulce fez o que sempre fazia, tentava se misturar com os
demais.
A história tem um enredo, uma trajetória interessante, pois demonstra
como a falta de atenção e carinho pode fazer mal, e as amizades verdadeiras
podem amenizar a ausência desses afetos.
A jovem Dulce sofria com o jeito de ser dos pais, um casal distante, mas
ao mesmo tempo com um enorme amor pela filha. A menina era sensível, delicada,
talvez pelo fato não dar aquela segurança , porém, soube reconstruir novas
oportunidades, novos caminhos.
Uma parte que me arrepiei, foi quando dona Catarina, a vó de Dulce, foi
contar que seus pais haviam sofrido um acidente e morrido. O momento que ela
viveu, o estado que ficou, senti como estivesse na sala,
sentada ao lado de Dulce. A sensação de fazer parte do livro, daquela história
foi estranha e ao mesmo tempo boa.
O amor que tinha por seus pais, o cuidado, o medo da perda, e como eles
haviam morrido de uma forma que a menina tinha tantas vezes pedido, parar de
beber ou consumir outro tipo de droga.
Tenho para mim, que já senti o mesmo que Dulce, já fiquei triste por não
receber a atenção de quem gostava, a decepção de ver quem eu amava fazendo o
que menos esperava, a sensibilidade de tudo em minha volta.
Contudo, o que mais me identifico nela, é a dor da perda, essa é talvez
a pior de todas. Ela perdeu seus pais, algo de repente, que fez-a ficar sem
chão, sem forças para seguir em frente. Não perdi meus pais, mas tive que
superar a ausência de uma pessoa que para mim estava se tornando tudo.
Foi repentino também, perdi a pessoa que aprendi a amar, admirar cada
detalhe de sua existência, um ser que era capaz de me fazer nascer um sorriso
quando na verdade a vontade era de brotar uma lágrima. Alguém que deu o chão,
me trouxe a paz, mas que do nada me tirou tudo.
A dor foi imensa, pois prometeu estar comigo, jamais me abandonar. E foi
ai que pude contar com verdadeiras amizades, pra me erguer e continuar
caminhando.
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